quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Já que estamos, mais uma vez, em época de eleições, vale a pena lembrar de um texto que produzi no 1° período da faculdade em 2010.



A esperança é a última que morre
A chamada “Justiça Social” que para muitos parece estar tão próxima, na verdade, não passa de uma realidade cada vez mais distante, o que por algumas vezes me levou a perguntar: o que seria de fato viver em meio à justiça social? Será que é mesmo possível torná-la real? E depois que isso acontecer, o que irão nos propor os políticos em suas campanhas?
            Eu, sinceramente, talvez nem soubesse responder a essas perguntas com total clareza, mas as mesmas fizeram com que eu recordasse de uma pequena cena que presenciei na rodoviária de Cachoeiro de Itapemirim – ES há pouco menos de um mês. Enquanto aguardava o ônibus, um casal com quatro filhos, três meninas e um menino, se aproximou de mim, e então, pude perceber, mesmo que involuntariamente, que ali não havia a chamada “justiça social”, pois, o desejo de assim como irmão menor, estar com um copo de suco e um salgado nas mãos, era notável na fisionomia das três irmãs maiores.
Logo imaginei qual grande seria a felicidade daqueles pais em poderem proporcionar um bom lanche a todos os seus filhos em igualdade do contrário de terem que atender apenas a necessidade do que não seria capaz de compreender a atual situação da família, claro, as irmãs maiores saberiam esperar até o almoço mais do que o pequeno garotinho que segurava aquele salgado como se fosse a única coisa que tivesse de seu.
            Com isso, cheguei a pensar: “essa vida que muitos e muitos brasileiros têm, alguns ainda piores, completamente na miséria, pode ser chamada de justiça social?
            Em épocas de eleições, como a presente, políticos se “autopromovem” como os benfeitores da sonhada sociedade justa para todos. Vão às ruas, ouvem o povo, mesmo que simbolicamente, dão aperto de mãos, beijinhos até! E recentemente, li no jornal Fato, sobre o político que desceu um dos morros de Cachoeiro de Itapemirim – ES pilotando um carrinho de rolimã. Muito bonito a humildade desse povo! Todos amáveis, atenciosos que só! Ganham seus eleitores se misturando a eles e quando se colocam na posição almejada, esquecem de colocarem em prática seus planos de ação, mas, será que eles tinham mesmo um bom plano de ação?!
            Ainda no jornal Fato, outro candidato disse assim: “Eu sempre fui muito preocupado com a desigualdade social, com a injustiça que acontece em nosso país.”, pois é, eu também me preocupo, mas o que é que o tem diferenciado de mim? Na verdade, nossos políticos devem amar a desigualdade social, porque se ela não existisse eles não teriam pelo que lutar.
            Em suma, para mim, infelizmente, a justiça social está ainda mais distante de se tornar real do que podemos imaginar, pois enquanto houver famílias que precisam escolher um de seus filhos para oferecer um lanche; pesquisas realizadas pelo IBGE mostrarem o quanto é desigual o número de negros que têm acesso ao ensino superior comparando-os aos brancos e tantos outros fatos lamentáveis existentes em nossa sociedade, a justiça social ainda será abstrata e nós, população, continuaremos sonhando com o político que não brincará de ser político.
            E assim, vamos vivendo o famoso dito popular: “A esperança é a última que morre!”.


Marciele Brandão de Oliveira
 1° período de Letras Língua Portuguesa
Novembro/2010

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