A esperança é a última
que morre
A chamada “Justiça
Social” que para muitos parece estar tão próxima, na verdade, não passa de uma
realidade cada vez mais distante, o que por algumas vezes me levou a perguntar:
o que seria de fato viver em meio à justiça social? Será que é mesmo possível
torná-la real? E depois que isso acontecer, o que irão nos propor os políticos
em suas campanhas?
Eu, sinceramente, talvez nem soubesse responder a essas
perguntas com total clareza, mas as mesmas fizeram com que eu recordasse de uma
pequena cena que presenciei na rodoviária de Cachoeiro de Itapemirim – ES há
pouco menos de um mês. Enquanto aguardava o ônibus, um casal com quatro filhos,
três meninas e um menino, se aproximou de mim, e então, pude perceber, mesmo
que involuntariamente, que ali não havia a chamada “justiça social”, pois, o
desejo de assim como irmão menor, estar com um copo de suco e um salgado nas mãos,
era notável na fisionomia das três irmãs maiores.
Logo imaginei qual
grande seria a felicidade daqueles pais em poderem proporcionar um bom lanche a
todos os seus filhos em igualdade do contrário de terem que atender apenas a
necessidade do que não seria capaz de compreender a atual situação da família,
claro, as irmãs maiores saberiam esperar até o almoço mais do que o pequeno
garotinho que segurava aquele salgado como se fosse a única coisa que tivesse
de seu.
Com isso, cheguei a pensar: “essa vida que muitos e
muitos brasileiros têm, alguns ainda piores, completamente na miséria, pode ser
chamada de justiça social?
Em épocas de eleições, como a presente, políticos se “autopromovem”
como os benfeitores da sonhada sociedade justa para todos. Vão às ruas, ouvem o
povo, mesmo que simbolicamente, dão aperto de mãos, beijinhos até! E recentemente,
li no jornal Fato, sobre o político que desceu um dos morros de Cachoeiro de
Itapemirim – ES pilotando um carrinho de rolimã. Muito bonito a humildade desse
povo! Todos amáveis, atenciosos que só! Ganham seus eleitores se misturando a
eles e quando se colocam na posição almejada, esquecem de colocarem em prática
seus planos de ação, mas, será que eles tinham mesmo um bom plano de ação?!
Ainda no jornal Fato, outro candidato disse assim: “Eu
sempre fui muito preocupado com a desigualdade social, com a injustiça que acontece
em nosso país.”, pois é, eu também me preocupo, mas o que é que o tem
diferenciado de mim? Na verdade, nossos políticos devem amar a desigualdade
social, porque se ela não existisse eles não teriam pelo que lutar.
Em suma, para mim, infelizmente, a justiça social está
ainda mais distante de se tornar real do que podemos imaginar, pois enquanto
houver famílias que precisam escolher um de seus filhos para oferecer um
lanche; pesquisas realizadas pelo IBGE mostrarem o quanto é desigual o número
de negros que têm acesso ao ensino superior comparando-os aos brancos e tantos
outros fatos lamentáveis existentes em nossa sociedade, a justiça social ainda
será abstrata e nós, população, continuaremos sonhando com o político que não
brincará de ser político.
E assim, vamos vivendo o famoso dito popular: “A
esperança é a última que morre!”.
Marciele Brandão de
Oliveira
1° período de Letras Língua Portuguesa
Novembro/2010
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