quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Análise fílmica: “Os pilares da terra”


     Analisando o filme “Os pilares da terra”, percebe-se que a Idade Média retratada na Inglaterra, basicamente, não se diferencia em nada de nossa atual realidade em pleno século XXI. É claro que adquirimos um ou outro progresso, no entanto, nossa maior mudança foi na aparência e não refiro à aparência física, mas sim, no “aparentar” ter progredido. Sendo assim, analisemos:
     O filme retrata de forma profunda e bem detalhada as questões políticas, econômicas e sociais: um rei, cuja obrigação seria lutar pelo “bem estar” de seu povo, no entanto, que prioriza o seu próprio bem estar. Claro! Antes de tomar qualquer decisão é preciso ver qual benefício trará a si mesmo, afinal, o rei não pode ser atingido e tão pouco, pode tomar uma decisão “errada”, por isso, deem voz aos conselheiros para que auxiliem o rei em sua decisão e se ele, por sua vez, decidir pelo errado culpa-se os conselheiros, pois um rei nunca erra.
     Ora, o que é que tivemos e ainda temos em nosso governo? Presidentes, rodeados de senadores, secretários, governadores e tantos outros no poder político, verdadeiramente preocupados com o bem estar dos brasileiros? Cria-se um programa de benefício aqui, outro ali e os brasileiros se esbaldam com os farelos enquanto os “doutores da lei” se esbaldam com o banquete maior: escândalos mais escândalos cujos culpados nunca aparecem e tão pouco são punidos. A diferença, porém, é que atualmente, votamos e escolhemos o nosso rei e seus conselheiros, mas a desigualdade prevalece.
     Com tantos interesses políticos, sociais e econômicos, na Idade Média ninguém é amigo de outro alguém, ou melhor, até se é enquanto um estiver beneficiando o outro e vice versa, do contrário, meus caros leitores, tornam-se estranhos e/ou inimigos mortais.
     E então? Será que melhoramos 100% nessa questão em pleno século XXI?
     O individualismo está cada dia mais presente na vida dos seres humanos e, como bem escrito por Machado de Assis em “Um Apólogo”, ora somos agulhas e ora somos novelo de linha, mas pouco sabemos e/ou queremos caminhar juntos.
     Retornando a Idade Média, o filme retrata, claramente, a influência que a igreja, a católica na época, tem sobre as pessoas: o nome de Deus é escandalizado em todas as ações, pois adquirem riquezas, acusam, condenam e matam em nome de Deus; o inferno era temido e a glória de Deus almejada.
     Pois bem, em pleno século XXI, a revista “Veja” em uma de suas edições do ano de 2011 tem como matéria de capa: “Fé e dinheiro, uma combinação explosiva”, será que alguém já se esqueceu do escândalo da igreja Universal e recentemente da igreja Maranata? Independentemente de denominações destaca-se o mais importante: o nome de Deus ainda é escandalizado. Alguém aí está a fim de comprar um pedacinho do céu? Em alguma igreja, certamente, ele está à venda.
     Outro assunto que o filme expõe é a figura da mulher na Idade Média: submissa, objeto de procriação e de prazer, para os homens, é claro. Nisso, evidentemente, nós melhoramos e muito; uma grande evolução feminina, afinal, antes as mulheres não tinham voz, casavam-se por obrigação e por determinação de seus pais, da igreja ou de qualquer outro, menos por opção dela mesma; sofriam caladas e sem alternativa de escolha.
     E agora, em pleno século XXI, qual tem sido a figura da mulher?
     Ah! Agora a mulher é independente, tem atitude, faz suas próprias escolhas e algumas, para não generalizar, sentem prazer ao serem chamadas de “cachorra” e ao receberem uns tapinhas. Precisam ser conquistadas para receberem o seu amor. Uma dica? “Delícia! Delícia! Assim você me mata. Ai se eu te pego. Ai! Ai! Se eu te pego!” e pronto, resolvido.
     Grande evolução! Antes as mulheres eram submetidas aos desejos do homem, atualmente, as mulheres se submetem aos desejos do homem.
     E o que dizer da mãe de William Hamleigh que, durante todo o filme, alimenta uma relação amorosa e sexual com seu próprio filho que se mostrava desconfortável com a situação?
     É claro que com o passar dos anos William Hamleigh cresceu e a situação deixou de ser a que, atualmente, conhecemos por pedofilia, mas em pleno século XXI, inúmeros têm sido os escândalos de abuso sexual entre pais e filhos.
     Por fim, pensemos no que o filme pouco mostrou, mas que não passou despercebido: homossexualismo, liberdade de escolha sexual que deve ser respeitada, independente de concordar ou não.
     No filme, um amor homossexual, confessado a um padre, levou um homem à fogueira e ao outro, que o confessou, à prisão eterna de seu segredo. Atualmente, em pleno século XXI, mesmo com tantos direitos alcançados, gangues agridem fisicamente aos homossexuais.
     Contudo, ainda se vive a Idade Média, porém, de forma camuflada, tanto que chega a ser imperceptível, pois a aparência da tão sonhada evolução tem tampado os olhos de quem não quer ver. Logo, os pilares ainda são fortes a ponto de fazer com que muitos se acostumem com eles de forma natural. Sinceramente, eu não sei de exato o que poderia destruí-los, mas certamente, os que sabem estão acomodados por de mais com a atual situação para mover a melhora.

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