Analisando
o filme “Os pilares da terra”, percebe-se que a Idade Média retratada na
Inglaterra, basicamente, não se diferencia em nada de nossa atual realidade em
pleno século XXI. É claro que adquirimos um ou outro progresso, no entanto,
nossa maior mudança foi na aparência e não refiro à aparência física, mas sim,
no “aparentar” ter progredido. Sendo assim, analisemos:
O filme retrata de forma profunda e bem
detalhada as questões políticas, econômicas e sociais: um rei, cuja obrigação
seria lutar pelo “bem estar” de seu povo, no entanto, que prioriza o seu
próprio bem estar. Claro! Antes de tomar qualquer decisão é preciso ver qual
benefício trará a si mesmo, afinal, o rei não pode ser atingido e tão pouco,
pode tomar uma decisão “errada”, por isso, deem voz aos conselheiros para que
auxiliem o rei em sua decisão e se ele, por sua vez, decidir pelo errado
culpa-se os conselheiros, pois um rei nunca erra.
Ora, o que é que tivemos e ainda temos em
nosso governo? Presidentes, rodeados de senadores, secretários, governadores e
tantos outros no poder político, verdadeiramente preocupados com o bem estar
dos brasileiros? Cria-se um programa de benefício aqui, outro ali e os
brasileiros se esbaldam com os farelos enquanto os “doutores da lei” se
esbaldam com o banquete maior: escândalos mais escândalos cujos culpados nunca
aparecem e tão pouco são punidos. A diferença, porém, é que atualmente, votamos
e escolhemos o nosso rei e seus conselheiros, mas a desigualdade prevalece.
Com tantos interesses políticos, sociais e
econômicos, na Idade Média ninguém é amigo de outro alguém, ou melhor, até se é
enquanto um estiver beneficiando o outro e vice versa, do contrário, meus caros
leitores, tornam-se estranhos e/ou inimigos mortais.
E então? Será que melhoramos 100% nessa
questão em pleno século XXI?
O individualismo está cada dia mais
presente na vida dos seres humanos e, como bem escrito por Machado de Assis em
“Um Apólogo”, ora somos agulhas e ora somos novelo de linha, mas pouco sabemos
e/ou queremos caminhar juntos.
Retornando a Idade Média, o filme retrata,
claramente, a influência que a igreja, a católica na época, tem sobre as
pessoas: o nome de Deus é escandalizado em todas as ações, pois adquirem
riquezas, acusam, condenam e matam em nome de Deus; o inferno era temido e a glória
de Deus almejada.
Pois bem, em pleno século XXI, a revista
“Veja” em uma de suas edições do ano de 2011 tem como matéria de capa: “Fé e
dinheiro, uma combinação explosiva”, será que alguém já se esqueceu do
escândalo da igreja Universal e recentemente da igreja Maranata?
Independentemente de denominações destaca-se o mais importante: o nome de Deus
ainda é escandalizado. Alguém aí está a fim de comprar um pedacinho do céu? Em
alguma igreja, certamente, ele está à venda.
Outro assunto que o filme expõe é a figura
da mulher na Idade Média: submissa, objeto de procriação e de prazer, para os
homens, é claro. Nisso, evidentemente, nós melhoramos e muito; uma grande
evolução feminina, afinal, antes as mulheres não tinham voz, casavam-se por
obrigação e por determinação de seus pais, da igreja ou de qualquer outro,
menos por opção dela mesma; sofriam caladas e sem alternativa de escolha.
E agora, em pleno século XXI, qual tem
sido a figura da mulher?
Ah! Agora a mulher é independente, tem atitude,
faz suas próprias escolhas e algumas, para não generalizar, sentem prazer ao
serem chamadas de “cachorra” e ao receberem uns tapinhas. Precisam ser
conquistadas para receberem o seu amor. Uma dica? “Delícia! Delícia! Assim você
me mata. Ai se eu te pego. Ai! Ai! Se eu te pego!” e pronto, resolvido.
Grande evolução! Antes as mulheres eram
submetidas aos desejos do homem, atualmente, as mulheres se submetem aos
desejos do homem.
E o que dizer da mãe de William Hamleigh
que, durante todo o filme, alimenta uma relação amorosa e sexual com seu
próprio filho que se mostrava desconfortável com a situação?
É claro que com o passar dos anos William
Hamleigh cresceu e a situação deixou de ser a que, atualmente, conhecemos por
pedofilia, mas em pleno século XXI, inúmeros têm sido os escândalos de abuso
sexual entre pais e filhos.
Por fim, pensemos no que o filme pouco
mostrou, mas que não passou despercebido: homossexualismo, liberdade de escolha
sexual que deve ser respeitada, independente de concordar ou não.
No filme, um amor homossexual, confessado
a um padre, levou um homem à fogueira e ao outro, que o confessou, à prisão
eterna de seu segredo. Atualmente, em pleno século XXI, mesmo com tantos
direitos alcançados, gangues agridem fisicamente aos homossexuais.
Contudo, ainda se vive a Idade Média,
porém, de forma camuflada, tanto que chega a ser imperceptível, pois a
aparência da tão sonhada evolução tem tampado os olhos de quem não quer ver. Logo,
os pilares ainda são fortes a ponto de fazer com que muitos se acostumem com
eles de forma natural. Sinceramente, eu não sei de exato o que poderia
destruí-los, mas certamente, os que sabem estão acomodados por de mais com a
atual situação para mover a melhora.
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