segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O aniversário da vovó


          Ontem, a família se reuniu para comemorar o aniversário da vovó e estavam quase todos lá, faltou apenas um tio e o esposo de uma tia que estavam viajando, já os demais filhos com seus esposos, sua única nora, seus netos, solteiros e casados com seus respectivos companheiros e em especial, o primeiro bisneto com três meses de gestação, marcaram presença.
          Quanta alegria a de minha avó, consideravelmente nova ao completar os seus 62 anos de idade, ver a família reunida, as filhas com a família formada, algumas netas já casadas, outros netos, ainda menores, correndo pela casa e uma nova geração que prospera. Sua exclamação foi inevitável: “Parece mentira que saíram todos de mim!”.
          Ao contemplar a felicidade da vovó, via em sua face um sorriso vitorioso em meio às marcas da vida sofrida que levara: o trabalho na roça, o relacionamento difícil com sua mãe, minha bisavó que não cheguei a conhecer, o casamento conturbado, cheio de idas e vindas, um amor mal amado, repleto de lágrimas entre a alegria do nascimento de um novo filho, o abandono total de seu marido, assumindo a casa com seis filhos para criar que consequentemente, acabavam por ajudar a mãe a cuidar uns dos outros, irmãos mais velhos trabalhando em prol dos mais novos.
          Quando esse filme, criado por imagens que meus olhos nunca viram, passou em minha mente, logo pensei: “Como que hoje, existem mães que rejeitam um único filho porque encontram dificuldades, não tem condições financeiras e psicológicas para criá-lo.”. Ora, minha avó teve todas as dificuldades cabíveis, vivendo em uma época ainda mais difícil, cujo trabalho era árduo e pesado, no entanto, não desistiu, seguiu em frente, aqui chegou e a muito ainda chegará.
          Será então que nos enganamos? Que não era aquela época difícil, mas sim a que vivemos hoje? Ou será que as pessoas de hoje tem menos garra de lutar pelo o que é seu? As pessoas aceitam sua incapacidade, procurando cada dia andar pelo caminho mais fácil, pelo caminho mais largo.
          Por muitas vezes, a vovó é para mim, uma criança grande que requer atenção, carinho, que fica feliz com uma pequena lembrança, é sincera, rir e fala espontaneamente, degusta inocentemente todas as guloseimas que fazem a festa das crianças e ama, ama incondicionalmente a sua família. E ontem, essa criança grande mostrou-se ser uma grande mulher, que não deixou morrer dentro si tudo o que não viveu em sua infância, adolescência e fase adulta, mas que superou todas as dificuldades e que valoriza a sua vitória refletida em cada filho, neto e em breve no bisneto.
          A minha avó, todo o meu orgulho de ter vindo dela, todo o meu respeito, admiração, desejo de felicidades e esperança de ter herdado, um pouquinho que seja, de toda a sua força de viver. 
          Feliz Aniversário Vó!

Marciele de Oliveira

3 comentários:

  1. Marciele, minha amiga, que relato/homenagem lindo! é prazeroso conhecer entes como você. Quanto a sua indagação/indignação, afirmo estarmos vivendo na "Era da bolsa assistencial". E quem não tem, ou não esta satisfeito com o que tem, abre mão de tudo; inclusive suas vidas, seus herdeiros. Lamentável!

    Do mais, parabéns belo ótimo blogue e seus ótimos escritos; sou seu fã.

    Abração,

    Rodrigo Davel

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  2. Bom dia.

    Parabéns para a sua avó que venceu todas essas dificuldades e hoje comemora rodeada da linda família.

    Tenham um lindo fim de semana, cheio de paz e alegrias.
    Um grande abraço.
    Maria Auxiliadora (Amapola)

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  3. Ei Rodrigo, obrigada pelo carinho e atenção de sempre!

    Seja bem vinda Amapola.

    Abraços

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